Com o tema “Literatura e Cidadania”, a oitava edição da Bienal Internacional do Livro acontece entre os dias 23 de setembro e 02 de outubro, no pavilhão de exposições do Centro de Convenções de Olinda, Pernambuco. No último dia 24 de setembro, sábado, às 17h, a Presidente do Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo proferiu, no Círculo das Idéias, a palestra intitulada “As raízes culturais brasileiras no universo de Câmara Cascudo”.

Na sua fala, Anna Maria ressaltou a diversidade e abrangência da obra cascudiana, quando disse: “Considerado o mais famoso intérprete da alma verde/amarela das palavras, Luis da Câmara Cascudo, nascido em 30 de dezembro de 1898, na cidade do Natal, Rio Grande do Norte cultivou e valorizou a essência do nosso povo.

Solitariamente, sem recursos e em rincão nordestino, produziu um conjunto de obras de pesquisa, análise e interpretação da realidade brasileira de elevado grau de criatividade e densidade cultural. Estudiosos de sua biografia, documentando-a analiticamente, ressaltam que esse fenômeno das nossas letras provou que é possível escrever livros revelando ampla erudição numa cidade sem bibliotecas, vivendo sem nenhum privilegio de fortuna e poder, trabalhando duramente para manter a família.

Na sua obra, há o historiador, o etnógrafo, o folclorista, o sociólogo, o ensaísta, o jornalista, o tradutor, comentador, memorialista, e até um romancista de costumes animais, com nitidez cientifica.

Lançou estilos como a crônica histórica; inventou conceito brasileiro para a literaturaoral, deu foros de ciência ao folclore, inovou fornecendo caráter enciclopédico à sua pesquisa. Sua atualização e modernidade são surpreendentes. O texto enxuto e claro citado como exemplar nas Faculdades de Comunicação.

Até marqueteiro se revelou. Sua frase, “o melhor do Brasil é o brasileiro”, deu origem à campanha de auto-estima, detentora de prêmios nacionais e internacionais da Lew Lara, SP. Segundo o IBOPE, nove entre dez pessoas se identifica com a sentença, dando seqüência à valorização dos símbolos pátrios, até então sofrendo ressalvas.

Em 30 de julho de 1986 ele deixou a terra, viajando para a galáxia da saudade. De maneira inédita, permanece entre nós, objeto de exposições, inspirando Escolas de Samba, colar e medalha cultural, vinho português, titulando Colégios, Faculdades, creches, Memorial, Museu, Agências. Foi nome de Concurso Internacional em 78, países, no Parlatino; semana de estudos na USP, Núcleo de Estudos da UFRN, inspiração de peças infantis, seriados na TV Globo, películas, programas de estudos televisivos e radiofônicos, coleção de selos dos Correios e Telégrafos, cédula de cinqüenta mil cruzeiros, cartões de telefone, bilhete da Loteria Federal, destaque como pensador Sul Americano, eleito “Homem do Século” em votação popular. “São Cascudo, Patrono da Cultura Popular”, com santinho e oração, homenagem original do Congresso Internacional dos Contadores de Estórias, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Atualmente sua vida e obra é objeto de teatro/revista no SESC/São Paulo, e em outubro uma semana de Gastronomia Nacional o recorda no chão dos Bandeirantes”.